segunda-feira, 25 de junho de 2018

Tratamento Espiritual na Umbanda – Pequenas sutilidades

O que muitas vezes passa desapercebido, é que o tratamento espiritual dentro de um terreiro de Umbanda começa-se desde a entrada daquele filho na casa e se estende mesmo depois de sua saída. São pequenas sutilidades que muitas vezes para o consulente que está necessitado faz toda a diferença.
Ao entrar: a cordialidade, a simpatia, o sorriso fraterno, o abraço, o boa noite, para quem está ali cheio de tristezas no coração, achando muitas vezes que todas as portas se fecharam, é um alento. A empatia do corpo mediúnico é extremamente essencial nesse processo, o sentir-se amparado, encoraja a pessoa a seguir e continuar.
A primeira avaliação: já na entrada equipes médicas do espaço, já analisam cada caso ali presente, fluidificando, energizando, limpando, como verdadeiros médicos começa-se ali todo um processo de diagnóstico e pronto socorro.
A abertura: quem nunca entrou num terreiro, e começou a sentir como se uma corrente de energia lhe percorresse o corpo? Quem nunca viu aquele consulente que começa a chorar compulsivamente de emoção? Pois é, todo processo de abertura de uma gira, os pontos cantados, são mantras que agem nos chakras principalmente do coração, abrindo todos os canais de receptividade, ajudando para que aquela pessoa tenha o consolo tão almejado. A defumação, a prece, a orientação, pequenos detalhes que fazem com que esse tratamento tenha o melhor resultado.
O primeiro remédio: é a prece consoladora, a qual prepara aquele filho para receber os primeiros bálsamos do espaço. As pessoas muitas vezes rezam roboticamente, a boa prece deve ser reflexiva.
A boa palavra: o consulente sentado ali na assistência da casa, começa a ouvir a mensagem dos dirigentes, dos guias, e dentro da sua cabeça começa a pensar: caramba parece que ele está dizendo para mim isso, muitos ficam cabisbaixos, reflexivos, outros se surpreendem, outros até se envergonham o lidar com as mazelas humanas, as dores humanas nunca foi fácil, e para o consulente que ali está é um processo a ser explorado, porque verdades são ditas, muitas vezes que mexem com as estruturas, de egos endurecidos de anos, orgulhos, raivas, mágoas que se tornaram verdadeiras doenças espirituais, verdadeiras crostas do espírito que precisam ser quebradas e retiradas. Nesse momento o consulente pode relutar, como aquele paciente rebelde que não quer tomar o remédio amargo.
O atendimento: começa-se no tocar nas mãos daquele filho pelo guia, muitas pessoas chegam a sentir até pequenas vertigens, tonturas, porque há toda uma troca já acontecendo a partir desse momento. Os filhos que estão a muito tempo carregados de energia densa, quando essa energia começa a ser retirada começa ali um descompensamento, e o físico sente, é por isso que todo o processo de tratamento é feito aos poucos, principalmente os obsessivos. A matéria meio que se acostuma com a negatividade, é como a erva daninha, a praga de uma árvore que não pode ser retirada de uma vez caso contrário a árvore morre.
Lembram-se das crostas? Há todo um processo de adaptação na retirada das mesmas.
Muitos guias e mentores, no momento do passe pedem para aquela pessoa tomar um gole de água, ou mesmo um gole de sua bebida, quem nunca viu em um tratamento um preto velho pegando um pouco do seu café, fazendo gestos com a mão como se estivesse colocando algo a mais na bebida, na realidade estão mesmo colocando, os remédios, os bálsamos do espaço necessários para a cura daquele filho necessitado, nesse processo muitos filhos se surpreendem ao tomar essa bebida, não havia nada ali material, físico somente o café por ex., mas ao beber a pessoa sente um gosto diferente, como se tivesse colocado ervas, outras sentem gosto de remédio.
Fora é claro outros efeitos como cheiros, odores. Em tratamentos de cura já se sentiu cheiros bem característicos, como de rosas, flores, e mesmo cheiro de éter. Outros cheiros desagradáveis principalmente em processos de descarregos fortes.
Muitas vezes o guia coloca uma toalhinha branca sobre o ombro da pessoa, coloca uma guia, ou mesmo pede para segurar sua bengala, seu rosário, e logo seguida toca com esses instrumentos o solo, ou mesmo coloca no ponto riscado, a toda uma transmutação da energia negativa em positiva nesses momentos.
Sim, pequenas sutilidades, que muitas vezes o consulente nem percebe o que está ocorrendo.
Cada terreiro, certos processos são conduzidos de formas bem particular, cada linha trabalhada naquele dia se responsabiliza por um processo, fora é claro as correntes que estão no campo espiritual dando todo suporte aquelas que estão operantes ali em seus médiuns, desde os pequenos e grandes diagnósticos, até toda a quebra de processos densos de obsessão e descarregos. Verdadeiras equipes médicas cuja competência nem se tem como mensurar, só temos que agradecer tamanho suporte.
O pedido: Num dado momento do diálogo entre guia e consulente, é passado pelo o guia a necessidade de um tratamento espiritual, uma continuidade, e por incrível que pareça ali começa todo um processo de reforma moral e íntima daquele consulente, conscientização, porque as pessoas querem que seus problemas sejam resolvidos como um passe de mágica, querem para ontem a cura e a resolução de problemas morais que levaram anos para se formarem, graças a más escolhas e posturas. Querem a cura, a solução, mas a reforma moral íntima nem sempre é fácil, aceitável, o admitir estar errado para quem tem um ego adoentado é um processo complicado e muitas vezes infelizmente a doença do orgulho e da vaidade vence. Outros fazem caras e bocas, tipo: vou ter que voltar? Não querem comprometimento. Outros preferem procurar lugares que prometem essas soluções em 24hs, a custa é claro de uma boa paga e grandes quantias de dinheiro (acabam frustrados e decepcionados). Outros procuram o terreiro para pedidos que vão contra as leis de Umbanda, esses com certeza saem frustrados de uma casa idônea, com certeza não serão atendidos ali (exs: amarração amorosa, feitiços contra a integridade etc).
FELIZES DAQUELES QUE DEIXAM-SE QUEBRAR PARA NOVAMENTE SE CONSTRUÍREM.
Quando uma pessoa entra dentro de um terreiro cheia de problemas tanto materiais quanto espirituais a sua luz está apagada, seu corpo espiritual cheio de crostas densas energéticas, cada detalhe, cada ato, é como se a luz começasse a reacender, o corpo fica mais leve porque as crostas estão sendo retiradas, as feridas espirituais curadas. Se espiritualizam se iluminam.
Todo esse processo ajuda a resolução de toda uma monta de problemas, a pessoa começa a achar caminhos que antes não conseguia achar, a direção está sendo dada.
Mas observem, não existe “tratamento espiritual, sem que o paciente queira a cura”, mesmo em tratamentos espirituais a distância com a utilização de endereços vibratórios a pessoa precisa estar receptiva e fazer a sua parte, exceto é claro em casos de extrema gravidade física onde o consulente se encontra impossibilitado, nesse caso a equipes especializadas.
Vejo muitas vezes dos nossos médiuns a indignação perante a Ingratidão, não é fácil lidar com isso é fato, mas para nossos guias o que importa mesmo é que eles tenham plantado de alguma forma uma semente no coração daquela pessoa que ali esteve. Se ela será grata ou não, aí já é uma questão de caráter e de índole, não cabe a nós julgar ou condenar. Basta ser luz para quem precisa.
Esses tratamentos espirituais nem sempre são rápidos, como disse anteriormente em alguns processos, obsessivos por exemplo o remédio terá que ser dado gradativamente, em outros são mais imediatos como um remédio para dor que tem que ser dado com urgência. Cada caso é um caso particular.
Os índios em sua cultura se trabalha o observar cada detalhe com delicadeza e atenção, quando forem em um terreiro de Umbanda olhem com paciência e calma, com certeza vocês vão se surpreender.
Quero deixar bem claro, que esse texto é uma base de toda a estrutura do que engloba um tratamento espiritual dentro do nosso terreiro, é uma gotinha de água no oceano, como num hospital cada caso tem seu processo de tratamento e cura.
Umbanda, o grande Hospital de Almas.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira
Santo André/SP

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