No livro “Libertação”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, o Espírito André Luiz reporta-se à experiência de uma senhora perseguida por dois obsessores que tinham duplo propósito:
Comprometer sua tarefa como médium e conturbar o trabalho de seu marido, dedicado dirigente espírita.
Exploravam-lhe as vacilações, incutindo-lhe a convicção de que as manifestações que transmitia eram fruto de sua própria mente.
Ao mesmo tempo atiçavam nela tendências ao ciúme, sugerindo que o marido usava sua posição para seduzir mulheres.
Eles entravam em contato com ela durante as horas de sono, quando as criaturas humanas experimentam o que Allan Kardec define como “emancipação da Alma”.
Enquanto nosso corpo dorme, transitamos pelo Além, em contato com Espíritos que guardam afinidade conosco.
O marido, homem disciplinado e esclarecido, amigo das virtudes evangélicas, afasta-se do veículo físico e desenvolve atividades de aprendizado e trabalho, junto de benfeitores espirituais.
A esposa, imatura, frágil em suas convicções e dominada por impulsos exclusivistas, é presa fácil das sombras. Os obsessores conversam com ela, confundindo-a em relação ao seus compromissos mediúnicos e à fidelidade do marido.
Ao despertar, aquelas “orientações” repercutem em seu psiquismo, inspirando-lhe desânimo e indignação.
André Luiz presencia uma dessas sessões de aliciamento para a perturbação e registra o deplorável estado da médium ao despertar.
“Oh! Como sou infeliz! – bradou, angustiada – estou sozinha, sozinha!”
O marido, inspirado por benfeitor espiritual, tem imenso trabalho para pacificá-la.
Esse episódio oferece-nos uma visão mais ampla do “modus faciendi”, a maneira de agir dos obsessores.
Geralmente imaginamos esses amigos da desordem colados às vítimas. Quais inarredáveis mastins a lhes morderem os calcanhares, exacerbam suas dúvidas, exploram suas mazelas, com o propósito de aprisioná-las na perturbação.
Não é bem assim.
A influência maior ocorre durante o sono.
Sem a proteção da armadura de carne que inibe as percepções espirituais das criaturas humanas, os obsessores conversam à vontade com elas.
Apresentando-se, não raro, como “amigos” e “protetores”, conquistam sua confiança. Como se programassem sua mente, incutem-lhes idéias infelizes que martelarão seu cérebro durante a vigília, emergindo na forma de dúvidas, temores, angústias, impulsos desajustados e depressão.
Seria equívoco situar as horas de sono como páginas em branco na existência humana.
São páginas escritas com tinta invisível, tão importantes quanto aquelas que escrevemos na vigília, com insuspeitada e ampla influência sobre nossos estados de ânimo, nossas idéias e sentimentos.
Imperioso, portanto, que não durmamos espiritualmente, enquanto acordados fisicamente.
Proclama a sabedoria popular:
“Díze-me com quem andas e te direi quem és”
Algo semelhante podemos dizer em relação ao trânsito no Além durante as horas de sono:
“Dize-me como és e te direi com quem andas”
Fonte:
Quem tem medo da obsessão – Richard Simonetti
A vida escreve – Hilário Silva- Chico Xavier/Waldo Vieira
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