segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Para que serve a Umbanda? Para que serve o umbandista?



Algumas vezes já estive por aqui escrevendo sobre Umbanda. Como seescreve sobre Umbanda, não? Como se debate a Umbanda, como se diversifica aUmbanda, como se entrecruza e astraliza a Umbanda...

Mas, já paramos para pensar nos adeptos, frequentadores e fiéis? O quepensam ser a Umbanda? Eu, como umbandista praticante me vejo plenamente envolvidocom minha religião, pronto para defende-la com unhas e dentes dos ataquespreconceituosos de outras ditas religiões e de pseudos pesquisadoresantropológicos que só querem enfraldar mais e mais suas teses, sem ter ummínimo de noção espiritual da mesma. Diga-se de passagem, essa defesa de unhase dentes  não adensa tanto a vibratória a ponto de partirmos paraconfronto físico ou de linguagem xula, mas sim com a propriedade que o estudoda minha religião me deu, onde podemos, embasados numa fé racional, debatê-lasem perdermos o rebolado.

Mas, o mais complicado é lidarmos com nossos irmãos de fé. A Umbanda nãotem uma unificação... Graças a Deus, pois o que apareceriam de candidatos aopapado na Umbanda seria sem fim.

Mas, por conta disso, há um bel prazer em sua prática que fogecompletamente a espinha dorsal colocada como pré-requisito pelo Caboclo das 7Encruzilhadas.

Essa espinha dorsal tem apenas 5 vértebras:

 . Vestir o branco → Vemos terreiros que mais separecem com os antigos desfiles carnavalescos no Hotel Glória, onde ClóvisBornay e Mauro Rosa conquistaram notoriedade nas festas do Momo, com suascriações de Libélula Ensandecidos no Alvorecer ou Pierrot Deslumbrado no ArcoÍris de Isis...

. Usar os elementos da Natureza → É verdade, usam-se todos os elementos da Natureza possível, mas,atuando na Natureza “dificilmente” se encontra o bom senso que nos diz para nãocompactuarmos para a destruição da Natureza, emporcalhando todas as ruas,praias, matas e até portas de cemitérios que, já não basta a “sombriedade”local, o povo ainda tem que conviver com pipocas e afins. Penso, como tambémpenso referente a mim, como deve ser desagradável para um católico, budista oujudeu ter que desviar de padês monumentais nas esquinas de nossa cidade.

. Não cobrar → Faz-merir... Pois o que mais se vê por conta disso é cobrança... E tem lugares quedizem “não cobramos consultas”, mas na hora da dita consulta o “Guia” ouPai/Mãe de Santo aparece com uma lista de trabalho homérica, cobrando, não pelaconsulta, mas pela feitura do tal trabalho e... Pasmem... Muitos ainda cobram o“chão” do lugar para o trabalho. É, sublocam a Casa de Deus... Isso se Ele nãose mudou, ao ver o que fizeram com seu “imóvel”. Já dizia Jesus: “Vendilhões doTemplo!” Isso sem contar sobre os “Ogãs Profissionais” que cobram para“baterem” tambor em determinadas casas que, coitadas, em véspera de uma Festaimportante, gostariam de ter um Ogã em sua corrente para dar mais vibração ebeleza ao ritual programado. Parece que o sujeito tá cobrando cachê: “Minhaapresentação é tanto...”. Pior ainda é o nome que dão a isso: salva. Salvaquem? Salve-nos, Senhor!

. Não matar → Poisé... Na véspera da Festa de Exu do Cruzeiro da Luz, estava eu descendo aGrajaú-Jacarepaguá e desconfiei que havia no seu final, já em Jacarepaguá, umagranja... Mas, descendo devagar, pude perceber que as 15 a 20 supostas galinhasque estava vendo, jaziam mortinhas dentro de um big alguidar de barro, com umapurinha ou uma cidra ao lado. É, menos um punhado de galinha no mundo... Foraos bodes, cabritos, pombos e afins. Mas isso não é matança não... O nome ésacrifício... Rs... Vai rindo, sacrifício? Jesus quer Misericórdia! E se é paramatar alguma coisa, que seja, como o Apóstolo Paulo nos ensina: “matar ohomem velho...”, oferendando-o ao Cristo para que, imolados pelo seuInfinito Amor,“...renasçamos homens novos”! Se essa fosse a matançaseria maravilhoso... Pois mataríamos, sem dó nem piedade, todas as nossasiniquidades, mazelas, mal querências, mas essas, longe ainda da extinção,preservamos no cativeiro do coração e mente, procurando criá-las “in vitro”,perpetuando as espécies para que cada vez mais nos aprisionemos à roda dasencarnações.

 . Evangelizar → Nossa! Esse é o desafio primevode todo aquele que, mesmo que não totalmente desperto, já foi tocado pelasvalorosas letras do legado do Cristo. Talvez seja esse o maior embate... Detodas as religiões!... E o motivo único para que estas existam, poisevangelizar é religar o homem a Deus. Portanto, a religação se dá por meio daauto-evangelização e, por conseguinte, da evangelização. Por queauto-evangelização? Por que... Quem somos nós se não nos evangelizarmos? Apenas"macumbeiros". Apenas magistas de 5ª categoria. Apenas fantasistas sem lei esem  juízo algum, radicados na senda do fanatismo religioso e na crendicemística dos fugidios da verdade que liberta. Daí a necessidade emergente de nosevangelizarmos... De criarmos em nós a nuance do amor notável de Deus, que seperdeu no elo do mundo, pois seduzidos pela bola azul esquecemos que quem acriou, a fez por um ato de amor único e restabelecedor deste amor nos coraçõesdos habitantes dessa bola azul. E digo mais... Que espécie de médiuns somos ouseremos sem o evengelho? “Cegos guiando cegos”. Marionetes (não dos bonsespíritos) fazendo receitas mágicas e indicando trabalhos e oferendas vãs, poissem conteúdo algum, tornando-se atos mecanizados no afã de resolução deproblemas. Problemas externos, da vida, do mundo, da matéria. Pois não evangelizadojamais conseguirá mergulhar na alma daquele que o busca e oferecer-lhe ajudaverdadeira. Dará paliativos apenas, criando um elo vicioso, onde quandoterminada a validade da magia o “cliente” retorna para a renovação de seus“votos petitórios”. Como evangelizar se não conhecemos Jesus ainda? Se não nostornamos íntimos do Mestre dos Mestres e permitimos que Ele faça, primeiro emnós, o milagre do retorno à origem genética divina, expurgando, gradativamente,o gene adquirido pelo mundo? É um trabalho diário que não se dá apenas nos diasde atividades dos Templos. É cotidiano. Sendo feita essa reflexão que deve sairdo papel para a vida, vem o serviço desinteressado da evangelização. Aí sim,podemos evangelizar, apresentar Jesus às pessoas, citar suas palavras econvidarmos a seguirem, junto conosco, as suas pegadas, mediante seusensinamentos eternos. Paulo diz que “evangelizar é preciso, quer desagrade,quer desagrade...”.

 Ué? Quer desagrade? Sim, infelizmente é verdade, pois esta, averdade, ao mesmo tempo que liberta, faz doer. Dói porque somos fugidios, nosacovardamos, nos tornamos procrastinadores (hahaha...adorei essa! Adorei asAlmas!), vendo o bem que queremos (mas nos julgamos diminutos) e fazemos o malque não queremos (com a boca cheia d’água!). E quem gosta de ouvir da boca deoutro que ainda é cheio de mazelas e totalmente imperfeito, sem pieguismo? Poisé... Mas, diz um grande amigo espiritual que a verdade dói apenas uma vez...Acabada a dor, estamos libertos. Enquanto que, fugindo da verdade, optando pelamentira, estamos fugindo dessa dor do parto libertador. Mal sabemos que fugir éuma dor, e muito mais dores e sofrimentos virão pela frente, pois a mentira e afuga se tornam vício frenético...Ou seja, vamos ao Cristo:“conhecereis a Verdadee esta vos libertará”!

É triste vermos em Centros onde o propósito é levar as pessoas a essalibertação, vermos as mesmas pessoas tentando barganhar essa libertação,fugindo, se esgueirando, desviando-se das sementes do evangélico como um Matrixsombrio... É lamentável vermos um Guia lançar suas sementes e o solo que seencontra a sua frente rachar-se, como terra árida sob o sol, dizendo: “osenhor poderia ser mais sucinto, dizer logo o meu problema...e resolve-lo!”.Nem imagino o que o Guia deva sentir e pensar, pois meus degraus ainda nãochegaram aos deles, uma vez que eu bem sei, no afã da emoção de uma partida defutebol eu “gostaria” de dizer... Aliás, imagino sim... Rs... Me lembrei de Jesuspregado à cruz: “Pai, perdoa-os...eles não sabem o que fazem”!... Éo que fazem, o que dizem, o que pensam, o que comem,...

Contudo, diante desse pequenino relato, me coloco também reflexivo, poisesse exemplo vem de um “adepto” dos terreiros espalhados no “por aí” de meuDeus... Mas e o que pensam os que se encontram dentro desses mesmos terreiros,como trabalhadores desses terreiros? Será que, ouvindo isso, se chocarão eentrarão em prece para que a pessoa desperte para a realidade? Ou será que, vendoessa pressão do “resolve meu caso”, não se deixa levar pela falta de sensocomum e se permite a permitir que essa pessoa ouça o que ela quer? Daí, surgemas invencionices e as adivinhações baratas... E joga-se um mediunato fora.

Então, voltando ao início, enquanto os próprios umbandistas crerem que areligião professada é uma quitanda de quebra galhos, nós nunca conseguiremossermos olhados como religião e religiosos. Vamos ouvir: “O quê,sacerdote umbandista? O que é isso? Só conheço Pai e Mãe de Santo!... lá no teucentro é assim”? Isso quando não nos chamam de seita... Ou palavrinhaque me entristece, pois dá uma sensação de bruxaria, de feitiçaria, de fundo deporão, cozinhando asa de morcego e orelha de rato.

É como diz um Guia Espiritual do Templo: “Enquanto lutamos tantopara elevar o tônus vibratório – evangelizar e libertar – há um mercadoparalelo dentro da religião que insiste em que cresçamos como rabo de cavalo...Para baixo”!

 E baseadonesse mercado paralelo penso, pois sou produto do meio (a diferença é buscarmosnos situar no meio certo desse meio), qual o motivo de sua existência?Preguiça? Vaidades? “Obtusismo”... Rs? Carências? Falta de estudo, doutrina? Ouserá que também veem a Umbanda como uma enorme quitanda, pronta para preencheras dispensas quando falta açúcar, café ou leite?... Daí, vamos à quitanda! Seráque pensam que os Mentores são os chamados “santos” que damos de comer epronto, eles ou resolvem nossos problemas ou se acalmam, nessa ininterruptabarganha entre o mau e o mal.

Toda a beleza da Umbanda cai por terra quando vemos desorganização.Quando vemos indisciplina, quando vemos falta de estudo e doutrina. Quandovemos falta de religiosidade. A Umbanda é religião e não um mercado persa! AUmbanda é o Conjunto das Leis de Deus e não um conjunto de pagode! A Umbanda,como disse o Caboclo das 7 Encruzilhadas, “é a manifestação do espírito paraa caridade” e não para trazer a pessoa amada em 1 hora e meia, muitomenos dar emprego pra todo mundo.

Ouvirmos pessoas dizerem que vão à missa e a centros kardecistas paraouvirem palestras e se postam diante do guia para pedir, entristece a alma.Pensamos assim: “pobre pessoa perturbada...”! Desculpem-me, mas perturbadossomos nós! Perturbados e comprometidos até os dentes perispirituais porqueoferecemos, seja quem foi ou onde foi, em algum momento, um motivo para queessas pessoas pensassem que a Umbanda presta é para isso: resolução deproblemas ou vermos se se tem “algo feito” ou obsessor. Talvez por isso queouçamos pessoas dizerem para um Exu, que está ali exaustivamente tentandoevangelizar a pessoa: “se o sr. me ajudar, vou rezar pro sr. ter luz e deixarde ser Exu”! ... O melhor de tudo foi o Exu rir e na Gira seguinte ele dizerpara a mesma pessoa que a reza dela estava fraca, pois ele “continuava Exu”...Só fazendo graça mesmo, pois o que de graça recebemos, de graça, com gosto eamor devemos dar!

 A culpa é desses fiéis, desses neófitos da religação com Deus? Oude quem os ensinou ou os viciou a serem assim, a procurarem as CasasUmbandistas atrás desses tipos de conchavo? E quem lhes viciou são que tipo depessoas? São adeptos de quais religiões? Óbvio que aprenderam isso dentro dosnossos terreiros! E se aprenderam isso em nossos terreiros, pertencem aosnossos terreiros, são umbandistas (embora quando pense nisso, logo me lembre doCapitão Nascimento, de Tropa de Elite: “Nunca serão!”)! Mas, parafazerem isso, alguém, um dia, abriu um precedente, um favorecimento, umapermissividade, um clientelismo.

A Umbanda evangeliza, liberta, desinstala da ignorância, descongela asmentes submersas na obscuridade da ignorância,... Mas falta o umbandista“praticante” ter idéia do que é isso. Falta ele acreditar que a religião dele éuma religião e que ele não faz obrigação ou cumpre carma. Falta ele saber quetudo que se faz dentro de um Templo Umbandista é um ato de amor e, por contadisso, ele precisa estar amando e se amando, como Jesus nos ama... Óbvio,guardada as devidas proporções... Rs... Mas Ele é o modelo a ser seguido, porisso, proporções uma vírgula! Busquemos sim, viver no amor de Jesus e amar comoEle amaria. Se não dá... Tá distante de compreendê-lo, Paulo tá aídizendo: “sede meus imitadores como eu sou do Cristo”.

Mas Paulo é Guia? Não é Caboclo, Preto Velho, Exu ou Criança, diria o“aficcionado” pela letra que mata, aproveitando também para matar o espíritoque vivifica.

É, umbandistas, se ainda pensamos que nossos Caboclos são Pataxós,Xavantes ou Cherokees; ou que Pai Joaquim era aparentado do Zumbi dos Palmares;Malandrinho mora na Lapa; ou que Pedrinho da Praia é uma criança por que morreuafogado numa Colônia de Férias na praia do Leme... Estamos muito bem servidosde fantasias, superstições e crendices! E pior... O que ofereceremos para aspessoas que batem às nossas portas? Mentiras, vaidades e grilhões?

Vale lembrar de Jesus... Sempre: “a quem muito é dado, muito serácobrado”! ou seja, seremos chamados para prestarmos conta do queensinamos, das libertações que auxiliamos Jesus a fazer, enfim... De toda anossa colheita, afinal a semeadura é livre, mas a colheita é e será sempreobrigatória.

Ah, como seria bom se cada um de nós umbandistas conseguíssemoscontrariar a estatística que André Luiz fez um dia, em sua literatura sobre osmédiuns em geral, dizendo que o Umbral está repleto de médiuns fracassados!Fracassados por violarem seus compromissos de levar à humanidade a palavralibertadora e rediviva de Jesus.

Não, infelizmente ficam sedimentando na cabeça das pessoas que devemosmorar em Nosso Lar, Lar de Celina, Aruanda e etc... Quando essas “localidades”devem ser, no peito do espírito arfante de crescer e ser liberto, locais depassagem apenas. Dure essa passagem o tempo que precisar, mas que não ousemospensar nelas como tenda permanente. Seria pensar pequeno. E pequeno é tudo queDeus não é.

Aí, como o Apóstolo dos Gentios em sua Epístola a Timóteo, poderemosdizer aquelas tão lindas palavras, um cântico do dever cumprido e a Graçaalcançada por essa Graça ter nos bastado ao longo da vida, quando morremos homensvelhos e renascemos homens novos...

 ... “Combati o bom combate, encerrei minha carreira, guardei afé... Só me resta agora receber a coroa da justiça! Do justo juiz, o SenhorJesus”!
Ah, comoquero poder dizer isso um dia... Eu, um foguinho...
 Saravá,Jesus!

Pai Julio (Pai Pequeno do T.E. Cruzeiroda Luz )

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