terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Livro: Mediunidade na Umbanda Sagrada - 1º e 2º Capitulo

A MEDIUNIDADE

SUA DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO – QUANTO À NATUREZA – QUANTO AO FENÔMENO

Definição: Entendemos por mediunidade, a faculdade inerente a determinadas pessoas, cuja organização psíquica assegura possibilidades de percepção hiperfísica, isto é, o intercâmbio entre o mundo material e o mundo espiritual.

         Toda pessoa que sente num grau qualquer, a influencia dos espíritos é, por isso mesmo, MÉDIUM, o que quer dizer, intermediário do plano espiritual. Em quase todas as pessoas se encontram alguns rudimentos de Mediunidade. Entretanto, esta qualificação se aplica, especialmente, a todos aqueles cuja faculdade mediúnica é claramente caracterizada, e se traduz por efeitos patentes e certa intensidade, o que depende de um organismo mais ou menos sensitivo.

Classificação da Mediunidade: Estabelecemos esta classificação, focalizando dois pontos:

1º. - Quanto à sua natureza

2º. – Quanto ao fenômeno

Quanto à sua Natureza: A mediunidade pode ser: Mediunidade natural e Mediunidade de prova.

Mediunidade Natural: Assim consideramos, quando ela se constitui em uma conquista definitiva do indivíduo, decorrente da sua evolução moral e espiritual.

         Na medida em que o ser evolui, dilata-se a percepção espiritual, desenvolvendo-se, automaticamente, suas faculdades psíquicas.

         Esta situação é ainda ideal, a ser atingida pelos Homens – no tempo – através de sucessivas reencarnações e burilamento espiritual.

A Intuição é a sua forma mais avançada e perfeita. Através dela, existe o conhecimento das coisas espirituais, e o intercâmbio direto com o Plano Espiritual, sem trabalho mediúnico obrigatório.

Mediunidade de Prova: É a mais generalizada. Consiste na outorga, ou seja, empréstimo de determinadas faculdades psíquicas, a fim de o individuo, por acréscimo da misericórdia Divina, ressarcir, num mais curto espaço de tempo, seus débitos do passado. Funciona como um voto de confiança dos Senhores do Carma, em relação ao espírito encarnado.

         Não é uma posse definitiva, mas precária, dependendo do nosso livre arbítrio ou demérito, em fase do compromisso assumido.

         É uma tarefa individualizada, que obriga a pratica mediúnica, como cooperação compulsória em resgate Cármino.

         Prestaremos atenção a estes fatores, porque a maior parte dos médiuns está engajada nesta situação.

         São varias as passagens do Evangelho que ressaltam a caridade, como meio de purificação.

         Recordemos – “a caridade apaga uma multidão de pecados...” – “Força da caridade, não há salvação...”.

         Inseridos neste contexto, todos os médiuns de prova, como tarefas definidas, lograrão o seu resgate espiritual, através da aceitação humilde de suas faculdades.

         Sabendo que muito será pedido, há quem muito foi dado, distribua em abundância, cada um de seus dons mediúnicos, em favor de seu irmão necessitado.

Quanto ao Fenômeno: classificamos a Mediunidade da seguinte forma:

1º. – Lucidez
2º. – Incorporação
3º. – Efeitos Físicos

Na LUCIDEZ se incluem:

A – telepatia
B – vidência
C – psicometria
D – audição
E – intuição

Na INCORPORAÇÃO que pode ser total ou parcial, se registram:

A – manifestações orais e escritas
B – sonambulismo
Nos EFEITOS FISICOS incluímos fenômenos de:
A – materialização

B – curas


DEFINIÇÃO DE VÁRIOS TIPOS DE MEDIUNIDADE

LUCIDEZ

         Por lucidez se entende a faculdade mediante a qual os médiuns podem ver ouvir e conhecer além dos sentidos comuns e dos limites vibratórios da luz e do som, naturais ao mundo físico.

         As percepções espirituais não dependem dos sentidos físicos, mas sim de um sentido interno – Intuição – de grande poder, mas pobremente desenvolvido ainda, no homem atual.

         É um fenômeno de difícil explicação, porque transcede toda a dimensão dos sentidos físicos. São vibrações da natureza diferente, não perceptíveis pelos físicos. Digamos assim, que está ligado a um conhecimento quadridimensional.

TELEPATIA

É a faculdade pela qual o médium consegue captar ideias e pensamentos, que tanto podem ser de um encarnado como desencarnado.

VIDÊNCIA

         É a chamada visão hiperfísica. São mediunidades encontradas nos indivíduos, que tem a visão nítida e segura de trabalhos físicos, e outros, em execução no Astral.

         O médium também pode ver quadros, símbolos, paisagens, entidades animais e humanos, normalmente invisíveis aos sentidos físicos. Estas imagens, a que nos acabamos de referir, são formadas como auxilio dos fluidos pesados, fornecidos pelos médiuns e assistentes.

         A mediunidade de vidência, para fins de estudo, pode ser discriminada em três formas:

         1º. – vidência ambiente ou local
         2º. – vidência no espaço
         3º. – vidência no tempo

PSICOMETRIA

         É a capacidade que determinados médiuns possuem, de descreverem situações, pertinentes a alguém desconhecido, desde que sejam colocados diante de um objeto relacionado com esse alguém.

         Exemplo:

                        Uma pessoa leva um objeto de seu uso pessoal a um médium desse tipo. Através do objeto, o médium particularizará situações inerentes à vida passada dessa pessoa, podendo até diagnosticar das necessidades espirituais e materiais do seu presente.

Isto porque os fatos relacionados com a vida dos objetos, indivíduos ou coletividades, gravam-se indelevelmente na luz astral, em registros etéricos, e se arquivam em lugares ou repartições apropriadas do Espaço, podendo ser consultados ou revelados a Espíritos interessados na rememoração do passado.

AUDIÇÃO, OU MEDIUNIDADE AUDITIVA

         Ocorre o mesmo que na Mediunidade anterior no que se refere às ondas sonoras – que são percebidas pelos médiuns, em grau vibratório, acima do compatível com o ouvido humano.

INTUIÇÃO

         É aquela voz, aquele sentimento interior que nos fala com tanta força que nos faz obedecer sem duvidas, sem vacilações.

         É o que regularmente se chama de “sexto sentido”. A intuição é uma luz clara, é a Verdade Cósmica que existe em nosso “EU”, em forma de potencial, e que nos coloca em ligação direta com DEUS.

         Enquanto a ciência é a razão, a intuição é a Fé.

         O ser humano funciona em três planos: físico, mental e espiritual. O plano espiritual corresponde à intuição, e só esta abraça a realidade maior da vida – DEUS.

            Entretanto a fim de que não caiamos jamais numa crença cega, sem a analise do conteúdo, ouçamos a lição de Aléxis Carrel, acerca da intuição, em seu livro – O Homem Desconhecido – “As descobertas da intuição devem ser sempre desenvolvidas pela lógica”. Tanto na vida corrente como na ciência, a intuição é como meio de adquirir conhecimentos de grande poder, mas perigosos.

         Por vezes, é difícil distingui-la da ilusão.

         Aqueles que só por ela se deixam guiar estão expostos ao erro. Mas aos grandes homens, ou aos simples de coração puro, pode ela conduzir aos mais elevados cumes da vida mental e espiritual”.

INCORPORAÇÃO

É a Mediunidade que mais comumente se observa. Ela nos faculta o entendimento direto com os Espíritos, a fim de recebermos seus conselhos e suas orientações. As Entidades enviam seus fluidos sobre a parte mental do médium, sobre o sistema nervoso e sobre os membros superiores e inferiores.

         Na Umbanda, o médium denomina-se “cavalo”, quando oferece incorporação a caboclos, preto-velhos, iaras, boiadeiros, baianos e marinheiros. De “burro”, quando trabalha com “Exus”.

         No Kadercismo, o médium é chamado de “aparelho”.

         Cumpre assinalar que, dentro da Mediunidade de incorporação, há três graduações, a saber: inconsciente, semiconsciente, e consciente.

Incorporação Inconsciente: O médium é totalmente hipnotizado pela Entidade. Totalmente dominado por ela. Diz-se então Incorporação Total.

Incorporação Semiconsciente: A ação da Entidade é menos intensa. Tem menos graduação.

Incorporação Consciente: A ação da Entidade é mais moderada ainda, que na anterior. Logo, não há incorporação total, mas corresponde a uma das graduações do mesmo fenômeno mediúnico.

         O médium consciente pode, inclusive, receber melhores vibrações. A questão em si, é que há médiuns de todas as capacidades. O mais importante mesmo, é que os médiuns, seja qual for o grau de sua Mediunidade, transmitam as vibrações cósmicas benéficas a todos os necessitados.

         Esse trabalho de canalização de vibrações, feito através da abertura mediúnica – independente do grau de Mediunidade é de grande proveito para os Espíritos de Luz, que desempenham sua missão aqui na Terra. Representa grande evolução para Eles, na Espiritualidade.

         Dentro da incorporação, como referimos anteriormente, incluímos também: as manifestações orais e escritas e o sonambulismo.

         Nas manifestações, ORAIS e ESCRITAS, enfocamos também a PSICOGRAFIA, que é uma forma de incorporação parcial. O Espírito comunicante utiliza-se do braço e da mão do médium, colocados à sua disposição, permanecendo quase sempre o médium em estado consciente ou semiconsciente.

         A situação mais favorável, nesta Mediunidade, é quando a Entidade comunicante consegue a completa insensibilidade do braço do médium, que pode ser usado por longo tempo, sem sentir cansaço.

         É através desta Mediunidade que os Mentores Espirituais têm dado ao Mundo uma vasta literatura espírita.

         No SONAMBULISMO, diremos que o médium age sob a influencia de seu próprio espírito.

         É o seu espírito que durante o sono, ao se desprender da matéria, vê, ouve e percebe, fora dos limites físicos. O que ele diz são coisas tiradas de si mesmo, mas suas ideias são em geral, mais justas e mais claras, porque percebe as coisas em maior estado de liberdade espiritual. Vive até certo ponto, por antecipação, a vida dos espíritos.

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